domingo, 17 de maio de 2009

Pôrra-Louca

Falar com os olhos
Morder com as mãos
Abraçar com a boca...
Isso não é paixão?

- Que merda é essa? - perguntou o gari que passava varrendo a rua, todos os dias, assustado com o que acabara de ouvir na voz feminina do jovem alto.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Por tudo que for - plágio em prosa de Lobão

... e depois a luz da rua que adentrava meu quarto pela janela de vidro se apagou. Já não adiantava ficar de olhos abertos ou fechados. Tanto fazia. Mas nas imagens que vinham como que pelos olhos, fechados, o dia estava claro e você estava segurando a minha mão. Mas de repente uma nuvem preta tomou conta da mente, você se foi. Sem você é tão ruim. O prazer não tem satisfação, não há nada além do nada. Não faz sentido, sem você... E saber que quem errou fui eu, me tirava a respiração. Fui dormir fingindo que a solidão era a melhor companheira. Ah! Doce ilusão pensar em você batendo a porta e chamando meu nome. Só me restava tentar dormir. Dormir para tentar sonhar com você segurando a minha mão, caminhando junto a mim, num dia claro. Não dava mais. Ali naquele instante, não dava mais. Sentia que você havia ido para sempre e eu fui dormir tentando acreditar que a solidão era, de fato, a minha melhor companheira. Olhei pela janela do quarto, sem saber quanto tempo já passara. O dia estava claro, mas você não caminhava ao meu lado, segurando a minha mão. Fechei os olhos novamente e você nem apareceu mais. Sem você é tão ruim.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Silêncio

... então, ela olhando de lado por sobre o ombro esquerdo, avistando o vale que se perdia na vista, inquietando-se por um momento por tudo que vivia ali, perguntou-lhe de súbito:
- E o silêncio, para você, o que é?
Ele olhou para ela, percebendo que seus olhos estavam longe, mas sua mente esperava por uma resposta. Pegou um pequeno galho seco e levou à boca. Mordeu um pouco, sentiu um gosto amargo, apertou os olhos como querendo avistar mais longe do que o possível e por fim respondeu olhando o mesmo vale aberto aos olhos de ambos:
- É a mais fria das armas que matam e o mais bruto dos descasos.
Calaram-se os dois.