terça-feira, 21 de abril de 2009

Ética

Nos dias atuais e no presente contexto das relações humanas, e empresariais, a ética tornou-se um tema complexo e especial em virtude dos inúmeros acontecimentos que nos rodeiam diariamente, tanto no campo político quanto no social e empresarial.
Entretanto, um outro debate também chamará a atenção para uma discussão sobre a conduta humana, ou seja, em sociedades pluralistas como as atuais, onde o capitalismo e a democracia há muito se fortaleceram e se expandiram pelo mundo, estando para muitos a corrupção como o maior obstáculo para a felicidade racional das pessoas, sendo, assim, comum que se encontrem pontos de dissenso acerca de questões éticas.
Não há como negar que Agostinho, o de Hipona, foi o maior filósofo da época patrística, tempo em que as evidências e compreensão das coisas estavam intrinsecamente ligadas às teorias dos Santos Padres, além do mais importante e influente teólogo da Igreja em geral.
Portanto, é imprescindível uma análise sobre os pontos de vistas e opiniões do referido autor.
No Livre Arbítrio, obra que Agostinho escreveu entre 388 e 395 d.C e, na qual, Agostinho contraria a ideia maniqueísta com seus dois princípios, o princípio do Bem e do Mal, e segundo a qual o Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo; defendendo que deste modo o homem não é livre nem responsável pelo mal que faz. Agostinho procura demonstrar que a nossa conduta, o poder de agir como queremos, é uma decisão soberana, um arbítrio. A ética agostiniana caracteriza-se na obra pela formulação de uma explicação de como pode existir o mal se tudo vem de Deus que é bom.
Em seguida, na obra Confissões, escrita no ano 400 d.C, Agostinho esboça uma ética harmonizada com os preceitos morais cristãos. Entretanto, se para os gregos o homem bom é aquele que sabe e conhece, para Agostinho o homem bom é aquele que ama aquilo que deve amar.
Santo Agostinho torna-se essencial para uma discussão no que tange um entendimento da ética cristã, com tais obras e pensamentos. E, porquê não dizer da ética geral em sua gênese, uma vez que todo pensamento humano no que qualificamos como moral, ou seja, das coisas certas e erradas, advêm das crenças e dos mitos religiosos.
Independente da forma como o homem atual vê a ética e procura respeitá-la, o que temos observado é uma carência dos melhores valores por parte daqueles que deveriam mais nos exemplificar com a sua moral.
Fico demasiadamente apreensivo quando noto que, não obstante a vergonha nacional por atos de alguns dos seus líderes mais conhecidos, esses homens se reúnem e, numa falta total de moral, elevam à normalidade atos que fariam qualquer ser com consciência moral e cívica elevados irem de encontro ao suicídio. Isso noutras culturas, claro! Porque na nossa atual, tudo tem sido simplesmente normal.
Não quero com essas palavras ditas acima, e com as que virão a seguir, me dizer um homem ético em tudo, tampouco sem defeitos. Isso seria pura utopia da minha parte, simplesmente por eu acreditar não haver exemplar na espécie humana com tal conceito. Mas, o fato do menino Fábio Faria ter devolvido o dinheiro das passagens, para mim, não atenua em nada a vergonhosa forma com que agiu e agem quase todos daquela "casa". Se os envolvidos quando pagarem o que de fato devem à nação - e aqui não falo apenas no valor financeiro, e muito mais dando ênfase ao valor moral - e se pagarem, forem tratados como "arrependidos e perdoados" nesse caso, os fatos abrirão em nossa sociedade um prescedente perigoso e altamente nocivo aos modernos meios de viver em coletividade. Por tal exemplo vindo do congresso, eu poderei a partir de agora entrar numa loja, por exemplo, e sair sem pagar com o que eu quiser. Se for pego e acusado de desvirtuado ou de ladrão, bastará para mim ressarcir o valor à loja, e me dizer arrependido. Caso não seja pego, ficarei com o bem traquilamente, sem maiores remorsos já que tudo é normal.
Antes de utilizar-me do novo direito aberto pelos melhores membros da nossa sociedade, prefiro apegar-me hoje às palavras de Tomás de Aquino: "A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência”.
Pensem nisso.

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