domingo, 18 de janeiro de 2009

Enquanto isso, na sala do hospital maternidade

Amanhecendo o domingo e a cidade acorda com as novas herdadas das festas e embalos de sábado à noite, regadas a muita cachaça, cerveja e outras drogas mais pesadas. Pois é, minha gente, Acari está no mapa, basta usar a lupa que se enxerga o pontinho quase invisível. E, assim, os caras despacham por aqui também. Noite de sábado por essas bandas do Seridó, dizem, tem de tudo. Menos música de qualidade. O de tudo eu não sei, já da música é a mais pura realidade.
As mulheres beatas seguem para a igrejinha matriz e vão sabendo por aquelas mulheres menos praticantes, vassouras na mão, calçadas limpinhas, das novas notícias da cidade. Novas herdadas, como eu já falei, dos embalos de sábado à noite.
Souberam que a mulher de Fulano de Tal, irmão de Cicrano e primo de Beltrano, virou a mesa com tudo que tinha em cima, na roupa da sirigaita avoada que estava com ele, lá na seresta do bar de seu Euzébi (quase ninguém diz o nome dele completo). Não tem mulher, beata ou não praticante, que não vibre com uma estória dessas. Bem feito, dizem todas. Quem mandou ser enxerida? Pergunta complementar.
Bom, outra dá conta que o filho de seu Zé Num Sei o Quê Lá, e de dona Maria Num Sei de Quê Lá (se são casados tinham que ter o mesmo sobrenome, né?), tomou uma cachaça tão grande que aterrisou entre a parede do Cemitério e o muro da antiga TELERN. Não se sabe quem, mas alguém se aproveitou do pobre diabo, que tendo acordado com as calças arriadas, todo ardido, além de todo obrado - como dizem por aqui -teve que ir ao hospital costurar o que lhe rasgaram. Ô desgosto e vergonha danada! Ninguém sabe se debaixo ainda do efeito do álcool, ou sob a quentura que a anestesia exercia sobre as pregas rasgadas do fresado em reconstrução, disse que nunca mais bebe na vida. Agora é saber se chorou em algum momento. Se chorou, ainda bebe. Pois dizem que quem chora bêbado não abandona nunca mais o vício. Também ninguém sabe se gostou, uma vez que parece nem ter sentido. Mas se sentiu e permitiu, é porque gostou e está só fazendo charme. Êita, situação danada!
A sabedoria popular já diz e o poeta, com nome de salvador crucificado, usou no mote para fazer o versinho sacana com o filho de seu Zé Num Sei o Quê Lá, e de dona Maria Num Sei de Quê Lá, único filho homem do casal.

PEGARAM O POBRE PRA CÃO
DEPOIS DELE EMBRIAGADO
FIZERAM DELE VIADO
ACHO QU’ ELE TOMOU A LIÇÃO
POIS ACORDOU DE ROUPA NA MÃO
TODO CAGADO, SENTADO NO TRONO
E NO MAIS COMPLETO ABANDONO
COM AS PARTES DE BAIXO ARDENDO
QUE TODOS FIQUEM SABENDO
CÚ DE BEBO NÃO TEM DONO.

"Covardia da pôrra", diria meu amigo Rodrigo GDC. Não sei se diria do ato, ou do versinho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário