domingo, 18 de janeiro de 2009

... de um povo masoquista.

Às vezes me arrisco nessa coisa de poesia, mas não gosto de publicar esse tipo de trabalho por achar que o poeta retira toda a sua carne e se mostra, não nu, apenas em espírito e alma. Muitas vezes fui mal interpretado quando mostrei algumas letras juntas em poema.
E nesse caminho que pouco me arrisco em seguir, mas quando resolvo ir, entrego-me em caminhar com obstinação, já fui até declamado por Adélia Maria Woelner (quer saber quem é ela? Consulte o Google) e só depois de muito tempo fiquei sabendo que fui foco de tão grande honra. E como se as minhas letras recebendo a atenção de uma Adélia Woelner já não bastasse, ainda foram elogiadas!
Para que uma possível curiosidade sobre a coisa seja logo respondida e anulada, vou contar essa história no www.acaridomeuamor.nafoto.net qualquer dia desses. Mas Heraldo Palmeira conhece ela, a história, bem direitinho. Afinal foi ele quem descobriu tudo. Uma coincidência fascinante.
Bom, mas vou quebrar um pouco a vergonha, de mostrar essas minhas composições, e deixar aqui aquela que Adélia Maria recitou. Está abaixo, em azul para melhor destaque:

... de um povo masoquista.
(Balada de Um Soberano Sádico)

Sonhei que estava em terras estranhas
Onde ninguém para mim, era um conhecido
E se eu quisesse passear por lá, desapercebido
Bastava-me andar livre por suas entranhas.
Nesse meu sonho fui de encontro às pessoas
Cujo infortúnio se via em seus lúgubres aspectos
Eram como se fossem, não homens, apenas espectros
Mesmo tendo em suas faces, expressões mui boas.
A subserviência ali se tinha por herança
E a penúria, há muito tempo era sua riqueza
Enquanto apenas ele, se dizia na pseudo presteza
De servir-lhes sempre, exigindo confiança.
Um povo bruto, tolo, doente e aprisionado
Obrigado a sorrir como se tudo fosse bem
Sendo escravo sem saber sequer de quem
E de ser grato, mesmo quando humilhado.
Por fora limpos, por dentro sujos e maltrapilhos
Encurvados à força por tamanhas opressões
Proibidos a dar falas às mais simples emoções
Sem futuro pra si, tampouco para os seus filhos.
E nesse sonho eu andava por labirintos... ruas,
E via a moral sobre arrimos de excremento
Um povo preso até no pensamento
Cabeças néscias, e barrigas nuas.
Apiedando-me, não me contendo, gritei
À massa pobre, ali tão pressionada
Mas em resposta vi a sua fugaz retirada
Corriam loucos, como jamais pensei.
Apenas um ficou, fitando-me com tenacidade
A mim, exortando a que eu fosse embora
Não insurgiriam contra ele, nunca! Nem naquela hora
Afinal haviam esquecido o que era liberdade.
Foi-se, juntando aos outros em procissão
Em cujo andor, ele ia adornado
Aquele povo por anos subjugado
Não se lembrava, alegre e rindo, da sua escravidão.
E como um trovão, que ao raio encerra
Olhei de novo e minhas idéias, logo, se clarearam
E dos meus olhos quatro lágrimas rolaram
Pois reconheci ali a minha própria terra.

Escrevi isso numa tarde quente de agosto de 2004. Lembro como se tivesse acabado de escrever, ou se ainda estivesse criando, como as letras íam saltando de minha mente para o teclado do computador.

PS.: Qualquer falta de tempo, acessem http://www.protexto.com.br/autor.php?cod_autor=35

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